"Depois do anúncio de abandono da construção de uma estação de tratamento de propriedade e gestão pública para efluentes suinícolas, com previsão de produção de subprodutos (fertilizantes e energia), o Ministro do Ambiente, Matos Fernandes, teve de prestar esclarecimentos ao Parlamento por iniciativa do Bloco de Esquerda. Em resposta às perguntas apresentadas pelo deputado Ricardo Vicente, o Governo responde que a solução é a fiscalização e a aplicação dos chorumes sobre o solo, mas não responde ao essencial: onde estão os solos que têm capacidade para tal? E durante o inverno, momento em que os solos não podem receber os chorumes, para onde vão estes resíduos? Se o Governo diz que não consegue obrigar os suinicultores a entregar os chorumes em estações, como vai obrigar os produtores a criar soluções individuais que respeitem o ambiente? O deputado Ricardo Vicente acusa o Governo de ter desistido de resolver o problema. Relembrou ainda que a Resilis, empresa dirigida por suinicultores da região, tem uma dívida de 1 milhão e 600 mil euros à empresa intermunicipal Águas do Centro Litoral e que são os munícipes de Leiria, Marinha Grande, Batalha e Porto de Mós, que estão a pagar os poucos tratamentos realizados (64 m3 diários de um universo entre 1000 e 2000m3).
Uma informação relevante transmitida pela Secretária de Estado do Ambiente, Inês Costa, foi que, na Bacia Hidrográfica do Lis, nenhuma suinicultura tem título de descarga em linha de água, de onde se pode depreender que, assim sendo, a maioria das suiniculturas estão ilegais, dada a prática comum. "Não há por isso falta de justificação para fiscalizar, para multar e até para suspender atividade de quem não cumpre, mas é preciso também que sejam construídas condições de tratamento e valorização". Falta é vontade política para resolver a situação, segundo o deputado Ricardo Vicente.