“Voto no Bloco é essencial para uma maioria de esquerda que salve o SNS”
Mariana Mortágua, acompanhada por Rafael Henriques, cabeça de lista do Bloco no distrito de Leiria, visitou este domingo o Serviço de Atendimento Permanente do Centro de Saúde da Marinha Grande, onde teve uma reunião com a Comissão de Utentes.
A coordenadora bloquista alertou para a importância dos cuidados de saúde primários, que são uma solução de proximidade para as populações e dão a segurança às pessoas de que no sítio onde vivem, ou nas suas proximidades, têm serviços de saúde, têm uma equipa de saúde familiar”.
Criticando a centralização de todos os recursos nos hospitais, Mariana Mortágua afirmou que não é apenas necessário gerir o que existe hoje no Serviço Nacional de Saúde (SNS), e gerir os seus problemas, mas também “olhar para o SNS do futuro em Portugal”. A líder bloquista referiu que, “se após o 25 de Abril, foi possível construir do nada o SNS”, é possível agora reinventá-lo, recuperando serviços de proximidade que foram perdidos e que hoje não existem”. Por outro lado, é preciso perceber, de acordo com Mariana Mortágua, que “as equipas de saúde familiar já não são apenas o médico de família, são equipas multidisciplinares capazes de dar resposta a várias necessidades da população”, ou seja, não só com médicos e enfermeiros mas também com nutricionistas, psicólogos e dentistas, que possam assegurar a prevenção e o atendimento de proximidade.
Lembrando que, na véspera, num comício em Viseu, o líder do PS, Pedro Nuno Santos, “reconheceu que as coisas não estão bem no SNS”, a líder bloquista lembrou que o seu partido “alertou, quando saímos da pandemia, para a necessidade de investir no SNS, para evitar o que infelizmente aconteceu: a saída de profissionais e a degradação do serviço”.
“O Bloco tinha razão no alerta e nas soluções, a questão é como é que a partir do dia 10 de março se conseguem pôr em prática as soluções para salvar o SNS”, apontou.
“E a resposta a essa pergunta é uma maioria com a esquerda que dê estabilidade ao país, mas a estabilidade vem das medidas que permitem ter equipa de saúde familiar de proximidade, e é a força do Bloco de Esquerda que pode garantir isso, são os votos no Bloco de Esquerda que podem garantir essas soluções e essa é a nossa batalha nestas eleições”, continuou Mariana Mortágua.
A coordenadora do Bloco deixou claro que “há dois caminhos que não funcionam”.
“Não funciona o sistema do cheque para ir ao privado (…) isso é um sistema espartilhado, mais caro, e em parte a raiz dos problemas que hoje existem no SNS tem mesmo a ver com isso, com o cheque privado, em vez de se conseguir um SNS mais abrangente e mais capaz”, criticou.
Mariana Mortágua referiu que, por outro lado, “não funciona a resposta que a maioria absoluta do PS deu”, que passou por “reorganizar serviços quando não vai à raiz dos problemas que é falta de recursos”, criticando a “falta de visão” para se conseguir “alargar o SNS” e dar-lhe “um novo folgo”.
“E o objetivo do Bloco de Esquerda nestas eleições é ganhar, e ganhar quer dizer duas coisas: quer dizer uma maioria com a esquerda e só uma maioria com a esquerda garante estabilidade ao país e só uma maioria com a esquerda garante que pomos a saúde primária em primeiro lugar, garante médico de família, enfermeiro de família e equipa de saúde familiar”, reforçou.
Sobre a questão dos profissionais, a líder bloquista defendeu que é preciso haver exclusividade mas com melhores condições de trabalho, ao nível do aumento dos salários, que não passe por prémios e horas extraordinárias para lá do limite legal, e perspetivas de carreira.
“Nós combatemos a pandemia porque tínhamos um SNS que foi capaz de dar resposta e merecia muito mais depois da pandemia. Os profissionais mereciam muito mais do que aquilo que tiveram. O Bloco de Esquerda bateu-se por isso e vai continuar a bater-se por isso, e são os votos no Bloco que decidem se é possível e vai ser possível ter medidas para responder pelo SNS e ter um serviço público que responda pelo país”, apelou.
“Ninguém se engane: nós temos de os travar, a eles todos juntos - a AD, IL e Chega - se quisermos salvar o SNS em Portugal”, rematou.
“Saúde tem de deixar de ser vista como um negócio”
Representantes da Comissão de Utentes, que têm promovido várias iniciativas para que o SAP não encerre, denunciaram os “entraves dos poderes instituídos” à manutenção deste serviço.
“A saúde tem de deixar de ser vista como um negócio”, tem de “servir a todos, para que todos se sintam protegidos”, frisaram.
A Comissão de Utentes alertou ainda para a problemática da escassez de médicos de família, detalhando que, naquele local, dos 39 mil utentes inscritos há 10.050 sem médico de família. “Não aceitamos esta decisão”, frisaram.