“O Povo Unido Jamais Será Vencido”
Há frases que são símbolos da transformação individual e coletiva. Que representam mil vozes de combate e resistência.
Uma Revolução faz-se com a memória do que somos. A memória de quem deu o primeiro passo, de quem da miséria fez revolta, de quem foi ativista na clandestinidade, de quem se juntou à concentração popular, de quem contemplou, simplesmente, a marcha revolucionária, de quem resistiu à tortura e à guerra e a memória de quem não viveu esse dia de mudança mas que o transporta consigo quando canta de pé os mesmos ideais.
As histórias podem selecionar os seus protagonistas, mas a nossa essência permite-nos saber que só coletivamente obtemos respostas, só quando agimos em conjunto atingimos transformações sociais, alcançamos sonhos e desfazemos utopias.
O 25 de Abril de 1974 foi o dia em que o movimento social triunfou, o dia sem classes, em que as Forças Armadas com a força da manifestação popular derrubaram um regime de opressão. Unidos pelo mesmo fim, salvar o país da pobreza e do atraso forçados pela ditadura e libertar a população da guerra colonial.
O paradigma alterou-se com o triunfo da Democracia, a liberdade foi conquistada. Passados 46 anos, há debilidades que perduram e que se tornam mais visíveis em momentos de catástrofe. A recordação do que foi construído e dos direitos garantidos pela Constituição, após o apagar do Estado Novo, deve motivar-nos a combater as injustiças de hoje.
No presente, vivemos um momento particular, uma crise pandémica global que faz-nos sentir as nossas fraquezas e como o ser humano ainda é um fenómeno de fragilidade.
É tão importante hoje reforçarmos o Serviço Nacional de Saúde como foi no início da nossa Democracia, com a sua criação.
É tão importante hoje reforçarmos os serviços públicos como foi fundamental após a Revolução
É tão importante hoje valorizarmos o trabalho e os rendimentos de quem trabalha como foi depois de Abril de 74
É tão importante hoje promovermos e garantirmos o acesso ao ensino como foi no período em que perto de metade da população era analfabeta.
Esta pandemia mostrou-nos, que em momentos de condicionamento social e económico, são os mais desprotegidos que mais são penalizados.
É neste momento difícil que temos de definir quais são as prioridades e a prioridade do Bloco de Esquerda é proteger as pessoas, enquanto ativistas políticos temos o dever de proteger os mais vulneráveis e temos o dever de assegurar que as pessoas de risco são acompanhadas
As autarquias como centros de proximidade têm a responsabilidade de, através dos serviços públicos locais, não deixar ninguém para trás. De garantir intervenção solidária das diversas entidades do concelho e as medidas de emergência necessárias para que a população não seja flagelada pelo risco de saúde pública e por fatores socioeconómicos.
A reduzida percentagem de habitação pública, a flexibilização dos despedimentos e os baixos rendimentos dos trabalhadores e trabalhadoras, são feridas que ainda não foram cicatrizadas e que são mais visíveis agora num cenário de confinamento.
As dificuldades são extremas para as pessoas sem casa e para as vítimas de abuso laboral, que se encontram sem qualquer tipo de rendimento. A luta pela sobrevivência e pela dignidade de vida está em cima da mesa.
Só podemos evitar uma crise social se nos unirmos contra a política de austeridade. Todos os profissionais de saúde que têm sido imparáveis na prevenção da propagação do vírus, todas as professoras e professores que garantem o acesso ao serviço escolar, todas as trabalhadoras e trabalhadores que garantem o acesso aos produtos de primeira necessidade, os que garantem a limpeza e a desinfeção dos espaços e das ruas, os que garantem a informação nos meios de comunicação social, os que garantem os transportes, os serviços públicos, as operárias e os operários fabris que mantém o funcionamento do mercado, todas as associações e entidades que têm prestado um grande auxílio na intervenção voluntária, especialmente no apoio ao domicílio, todas e todos nós que cumprimos as regras de contingência para assegurarmos a saúde pública, não podemos permitir que este esforço coletivo, que este esforço do povo seja compensado com a austeridade, com a superioridade das grandes potências sobre países mais carenciados, como o nosso.
O que Abril cumpriu com cravos, força e alegria, não pode cair no esquecimento. Deve ser a memória de hoje, do campo, da aldeia e da cidade, a nossa identidade.
Há frases que são símbolos da transformação individual e coletiva. Que representam mil vozes de combate e resistência “O Povo Unido Jamais Será Vencido”.
25 de Abril Sempre!
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