Gonçalo Lopes, contorcionista de serviço. [Newsletter: Lado Esquerdo]

No dia 28 de Abril a Assembleia de Freguesia de Marrazes e Barosa discutiu e aprovou tangencialmente a moção que repudiava a exploração de inertes na Barosa, apresentada pelo Bloco de Esquerda.

A Assembleia de Freguesia decidiu pelo repúdio a esta exploração com 7 votos a favor (BE, PCP, PSD), 6 contra (PS) e 6 abstenções (CH e PS).

Na discussão da moção recusámos uma proposta do Partido Socialista que ia no sentido de retirar do texto um parágrafo relativo à incoerência do executivo camarário (também PS). Recusámos a proposta de alteração porque rejeitamos liminarmente participar naquele que seria um grosseiro exercício de revisionismo e branqueamento do que tem sido a gestão deste processo por parte do executivo de Gonçalo Lopes.

A incoerência do Partido Socialista nesta votação que, aliás, se fracturou entre o voto contra e a abstenção, é a prova do algodão da sua navegação à vista e da falta de estratégia para o concelho de Leiria.

Uma história que tudo teria para ter uma resolução simples, acaba (ou parece ter acabado) com um brutal esforço contorcionista por parte do Partido Socialista.

Em dezembro de 2022 a Câmara Municipal de Leiria emitiu um parecer “favorável condicionado” relativo a esta exploração, sem que a Assembleia Municipal fosse ouvida e com o Vereador do Ambiente a passar um atestado de incompetência às opiniões das juntas de freguesia de Amor e Marrazes e Barosa.

Note-se que caso a Sorgila encontrasse o que procurava abriria uma área de exploração de 76 quilómetros quadrados, localizada sobretudo na Barosa e a expandir-se para a freguesia de Amor. Nem esta perspectiva demoveu Gonçalo Lopes e o PS de votarem favoravelmente.

Se por dolo ou negligência nunca saberemos. O que sabemos,

A mobilização popular, largamente encabeçada pelo movimento “Barosa Viva”, através da presença numa sessão de esclarecimento (onde estiveram mais de 200 pessoas) e através da participação num abaixo-assinado (que reuniu mais de 7000 assinaturas), obrigou o Partido Socialista e Gonçalo Lopes a uma retirada estratégica.

Depois disto rapidamente se começou a desenhar a farsa: a figura do Partido Socialista como um guardião e o bastião da defesa do ambiente, do território e da qualidade de vida (contrariamente ao que tinham feito meros meses antes). O parecer positivo passou a negativo, alicerçado na defesa das populações e até na Linha do Oeste (veja-se bem a lata).

Para a História ficará certamente a defesa hercúlea do território por parte do PS, mas o Bloco de Esquerda não esquece a incoerência, a falta de planeamento e o populismo do Partido Socialista e de Gonçalo Lopes. E as populações também não. Até porque já estamos todos bem habituados a este número quase circense do PS.

Em 2018, com a perspectiva de uma prospeção de hidrocarbonetos na Bajouca, a história foi parecida: O Partido Socialista não foi contra o furo, mas sim contra o fracking. Pelo PS ter-se-ia feito o furo. Forma-se um padrão muito evidente nesta matéria, e ficamos claramente a saber com quem podemos contar - com a certeza de que o Partido Socialista não entra para estas contas.

Ao populismo do Partido Socialista, o Bloco de Esquerda responde com assertividade. À incerteza respondemos com a garantia de que caminharemos sempre ao lado das populações contra a injustiça e o abuso. Porque sempre o fizemos, e é disto que somos feitos.

 

Texto: Frederico de Moura Portugal